segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Palavras silenciosas


As palavras carregam em si um misterioso poder. Quando se escondem, provocam silêncio. Mas ao saírem do esconderijo de nossas mentes, seja por meio de um texto escrito ou através da fala despertam em nós muitas reações. Podemos responder com silêncio e obediência, ou com mais palavras.
Há palavras que destrancam portas, que tocam o coração, que provocam o choro ou a gargalhada, que unem ou separam, que enaltecem ou magoam, enfim a parte desse dualismo, vivemos em função das palavras que de alguma forma saem de nós, ou que de alguma forma recebemos.
Palavras simples podem construir sentenças desastrosas ou inesquecivelmente felizes. Cada vocábulo carrega em si, muitas vezes, séculos de história de sua origem e significado que muitas vezes se perderam no tempo ou que por serem tão corriqueiramente usadas, se esvaziam. Uma música da saudosa Legião Urbana questionava: "e hoje em dia, como é que se diz eu te amo?" Dizer tal sentença deveria ser o ápice de um relacionamento feliz e de laços eternos, mas em tempos etéreos tornou-se tão banal quanto o "bom dia" que proferimos ao acaso quase que irrefletidamente.
Há tantos que são julgados e humilhados simplesmente por pensarem diferente, crerem diferente, viverem de um modo diferente. O significado de palavras como intolerância, fundamentalismo e arrogância carregam consigo a força de sua pronúncia e consequências teríveis.
A palavra, segundo Platão, pode ser remédio quando dita ou mesmo quando não dita, mas também pode ser veneno e corroer sentimentos, ideais e esperanças de dias melhores. As palavras podem vir do excesso de sabedoria, mas infelizmente também jorra de mentes mergulhadas em ignorância e prepotência.
Palavras passam com o tempo e com o vento se apagam dos letreiros e da nossa mente, mas o efeito que elas trazem consigo muitas vezes fica escrito surdamente dentro de nós.

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