É primavera, mas o vento sopra como numa fria noite de inverno rigoroso. A chuva fina cobre as folhas das árvores que dançam graciosamente apesar da violência com que são afetadas. Recolho-me em meu quarto solitário, mas nem por isso frio como a rua lá fora. Aqui além de paredes grossas, portas e janelas fechadas, um bom agasalho e uma saborosa xícara de chá cabe-me um coração que se aquece a cada lembrança, cada fração de perfume que restara, cada palavra que se repete em minha cabeça. O tempo nos parece cruel, rouba a alegria e os planos que nos inspiram as novidades. Ao reler meu velho diário encontrei estes amáveis versos que denominei "Versos ao Amor Primeiro" e percebi que, ainda que não saiba definir quão grande sentimento, sei que ele é sempre novo se for sempre como o Primeiro.
Éramos dois
E o tempo corria apressado a cada encontro
E o fim da frase era sem ponto
Para ser escrita em sonho
Éramos dois
E o frio não entrava em nossa casa
Porque era sempre verão em nosso planeta
E à noite para tão distante...
viajavamos na cauda dos cometas
Éramos dois
Mesmo quando ainda estávamos sós
Mesmo antes de saber que seríamos nós
Mesmo depois que ficávamos a sós
Éramos dois
E não havia temor
Confiávamos no Amor
Mesmo se chegasse dor
Então percebi
quando o coração bateu
Junto com a nossa voz
Que o que fora sempre nós
Já tornara-se um, o que antes era dois
Nossa, gostei muito desse texto!
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