sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Caminhando por aí


Corre o ponteiro lentamente sobre a superfície estampada de um relógio antigo pendurado no canto do quarto. Ouço cada volta da engrenagem. Olho pela janela e vejo a chuva cair lá fora. Tanto lá quanto aqui o Sol não apareceu hoje. Sinto frio. Caminho pela rua sem rumo. Um cão me chama atenção, paro em sua frente e acompanho seus movimentos com minha pequena câmera. Me divirto um pouco com sua desenvoltura mesmo na sua aparente velhice.Sua coceira, seu sono e sua lentidão são um prato cheio pra minhas fotos. Não fica parado coça aqui e logo está deitado lá. Outra vez, vira este mesmo animal contemplando a imensa variedade carnes de um açougue, como um homem ficaria fascinado diante de um tesouro perdido há séculos por uma civilização antiga. O cão me distrai, mas o tempo corre e a noite se aproxima. Preciso voltar pra casa e tentar encontrar onde deixei meu coração tão atribulado. Talvez esteja escondido dentro de uma página de diário, um livro, uma carta, ou em algum disco dos Beatles. Olho para os lados. O relógio, sutilmente, continua contando cada segundo, me dizendo que o tempo não deixou de correr. Talvez em alguns momentos vivemos suspensos no tempo e no espaço deixando de perceber sua passagem.
A noite caiu, a chuva parou, as nuvens parecem se dissipar com o vento forte que agora bate. Espero nesta noite ver as estrelas...

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