sábado, 24 de julho de 2010

Tempo de anseios


Todos sabemos quando assinamos o "contrato da vida" que a clásula final prevê que nossa história seja finita e que esse momento é irrevogável, não pode de maneira nenhuma ser adiado. Além disso a condição principal é a de não sabermos quando exatamente ele irá chegar. Somos portanto, plenamente conscientes de nossa mortalidade ainda assim, vivemos quase que suspensos em um sentimento de que nossa existência é infinita. A morte é um assunto que sempre deixamos pra lá porque só a experimentamos em vida através da experiência alheia e não há como ser diferente já que bilhete desta viagem é só de ida. Este mistério da vida humana é antigo e está na origem da maioria das seitas e religiões. Corresponde ao fim para alguns ou um novo começo para outros. Para mim, pensar na morte e na sua iminência não deve ser causa de pavor como é para mamãe por exemplo, pelo contrário, nos faz reconhecer a importância de cada instante que ainda nos resta. Não que isso seja o aval para que se viva uma vida sem limites mas aprender que esse axioma deve nos levar a (re)considerar cada olhar, gesto e palavra que dizemos ou deixamos de dizer. Fazer com que eu seja capaz de olhar a garota que está ao meu lado e esforçar-me por torná-la a única e mais importante pra mim, ou que seus filhos sintam orgulho de sua história e se lembrem de você quando você fechar os olhos na sua noite derradeira, que o seu gesto de carinho seja verdadeiro e que você não desperdisse seu tempo com afetos desordenados e vícios. Enfim que se faça da brevidade de cada história particular um pedaço de eternidade para quem está ao seu lado.


Dos olhos correm lágrimas
De alegria e de dor
Uns nascem outros morrem
Flores crescem e padecem
A cada dia tudo recomeça
E da semente ao chão dispersa
Recolho frutos do Amor

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