quarta-feira, 15 de junho de 2011

A última canção

Elliott Erwitt
Onde havia Amor
Agora resta silêncio
Onde havia sim
Sobram nãos

O sentimento é novo
Não se explica
Não se define
Apenas existe e incomoda

Nada pôde fazer
Nada pode mudar
Mas já não podia antes

Há coisas que sentimos uma única vez
Pessoas que chegam
Pessoas que se despedem
Mãos que se juntam com força
Laços que se rompem para todo sempre

Fazemos escolhas
Fizemos as nossas
Faremos novas que nem imaginamos quais

O fim chega irremediavelmente
Pode ser o sinal de um novo início
Pode ser a constatação de que perdemos
Pode ser o tudo se transformando em nada
Pode ser o nada dando início ao tudo

Cantamos belos versos
Prometemos o mundo
Guardamos no bolso
As estrelas que um dia vimos juntos
Mesmo sabendo que elas eram de mentirinha
Um brinco
Um perfume
Um sorriso
Uma música que toca ao fundo
São sinais de um tempo que se foi
Mas que estranhamente permanece

É o fim.
O ponto final.
A última canção
O dia está acabando
Restam talvez aqueles cinco minutos
Onde tudo pode ser dito
Onde o silêncio responde tudo

Vivi sete vidas
Morri sete vezes
Voltei sete vezes para você
Cruzando os sete mares
Para te amar setenta vezes sete
Chorei sete dias seguidos
Se "eu te amo" tem sete letras
Alegria também tem
Mas as mesmas sete letras
Traz a solidão também

Estes são os versos derradeiros
De uma história um dia sem fim
Mas que agora é já sem tempo
Vai-se embora apressada
Deixa um vazio dentro de mim

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