quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre o tempo


Quanto tempo dura o tempo? Tantas questões me inquietam e essa talvez esteja entre as principais. Quando ouço a palavra tempo logo me vem à mente a palavra espera. A espera é a manifestação concreta do tempo. É quando estamos esperando por algo ou alguém que notamos ainda que em parte, a passagem do tempo. A espera é sempre uma mistura de expectativa e angústia. Silêncio e ansiedade. Pensando nisso recolhi meu velho caderno e escrevi essa história...

Os segundos corriam lentamente naquela manhã chuvosa de quinta feira. Meus olhos quase que hipnoticamente acompanhavam o movimento dos ponteiros do relógio da Estação Central. Pessoas apressadas e sisudas passavam ante mim e por vezes, quase sobre mim tamanha a sensação de desespero por atrasar-se um minuto que pode lhe custar tanto. E ali, parado, guardando atrás de um semblante sereno, a angústia da minha espera. "Ela deveria ter chegado..." "Talvez eu tenha desembarcado na plataforma errada..." "Essa chuva sempre atrasa os trens..." Milhares eram as razões que minha mente criava para justificar a sua ausência... Os primeiros minutos sustentavam razões coerentes sobre causas naturais ou imprevistos, mas a partir da segunda hora somente um coração apaixonado conseguiria acreditar em razões tão absurdamente fantásticas... Esperei durante horas, e em cada trem que estacionava renascia em mim a esperança de te encontrar e te dar um caloroso abraço. O dia correu como se minha vida inteira tivesse passado ante meus olhos, tantas escolhas e esperas não correspondidas, quantas lágrimas e versos derramados ao vento. A vida é um instante efêmero carregado de sentidos e muitas vezes desperdiçamos tanto tempo com esperas inúteis.
Anoiteceu. Recolhi cada parte de mim que ainda restava naquele lugar de tantos encontros e sorrisos e decidi abandona-los na primeira lixeira que encontrasse. Tomei meu velho diário e compus esses versos.

Às vezes

Às vezes quero de ti um gesto simples
Um olhar displiscente
Um sorriso inocente
Segurar suas mãos

Às vezes é tudo tão simples
Que você não compreende
Que a mim é bastante
Nem que seja um instante
Da sua preciosa atenção

E em tantas esperas
Dias de tanto silêncio e solidão
Me acostumo com sua demora
Em dias que vem e que vão

Não te peço promessas
Nem as faço questão
Apenas aguardo o instante
Quando suspensos no tempo e espaço
Te terei caída em meus braços
E tocarei com carinho suas mãos

Nenhum comentário:

Postar um comentário