sábado, 25 de julho de 2009

Versos não ditos



Depois de declarar-se respirou profundamente. Era a primeira vez que havia rompido as barreiras de sua solidão. O tempo corria lentamente. Todos saberiam se olhassem para ele. Uma mistura de alívio e medo tomaram conta de seu espírito. O amor chegara como um ladrão, que invade sem avisar e leva consigo tudo de mais precioso que temos. Passava da meia noite. A lua lhe fazia companhia. Perguntava à lua o que ela havia de estar pensando agora. Ofereceu seu coração. Sem reservas. Amava-a verdadeiramente. Fora capaz de abandonar a segurança de seu mundo. "E ela, o que pensava?" Saiu do quarto. Bebeu um copo d'água. Pegou seu diário. Pôs-se a escrever. As palavras lhe faltavam. Pensou novamente na amada. Esperava sua resposta. A angústia da espera era superada pela sublime alegria da possibilidade. Inclinou-se inteiramente. E como que por uma emanação as palavras transpassaram seu peito e inscreveram-se na simples folha. Sonhou. Viveu. Acreditou. Os versos foram escritos. O poema foi feito. Recebeu a resposta. Trancou-se no quarto. Chorou. As flores murcharam. O frio, o silêncio, a dor chegaram. Abraçou a solidão. Sofreu. Restaram os versos não ditos. O Amor deixou frutos e guardou-se no fundo dos olhos lacrimejantes a espera de uma nova chance de ver o amanhecer em seu olhar. Tantos são aqueles que guardam versos não ditos...

Basta-me seu sorriso

Basta-me seu sorriso
e nada mais preciso
e a vida faz sentido
e me sinto renascido

Basta-me seu sorriso
e sua voz no meu ouvido
Será a mais bela canção
Já será seu meu coração

Basta-me seu sorriso
e já não serei mais igu
e este mundo tão normal
Será enfim um paraíso

Um comentário: